26.8.11 - 3:50 a. m.
As palavras às vezes engolem o que temos de mais profundo e parecem nos transformar em rasos e ignorantes. Não faz pouco tempo que tento me desvencilhar desta maldita arte na crença de que ela só serve para produções acadêmicas. É o problema de levar um pouco a sério a academia: uma vez na pesquisa, as palavras nunca mais serão as mesmas. Elas passam a ter um peso, uma história, ficam além de sua própria vivência como ser humano. É complicado fazer poesia quando você precisa encontrar essas fétidas safadas e não elas a você. Quando eu tinha treze anos elas eram mais leves em seu peso – e esse só era ponderado por mim mesma. Agora são pesadas porque carregam um mundo de outras palavras e histórias em si mesmas. Sou impelida a analisá-las, e a partir daí perco alguma coisa. Elas não são mais minhas, parece sempre haver instâncias maiores que as controlam e preciso estabelecer algum tipo de acordo para usá-las.
As palavras parecem ser escravas, e cá estou, escrava delas. Assim como diversos elementos do mundo, deixaram de ser meros brinquedos pra mim. E eu conseguia fazer coisas tão bonitas e dotadas de sentido com esses pequenos brinquedos! Brinquedos que, sem me dar conta, eram carregados de mentiras e verdades em si mesmos quando os utilizava. Mas que, de algum modo, eram mais profundos em relação a este prato comedido e reprimido de palavras-conceito.