michelle. 23 anos. filósofa na academia. vagabunda no mundo.
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25.2.08 - 3:15 a. m.
carregava o peso do universo e de toda a sua possível infinitude em suas costas, e o reflexo dos quilos levados por anos de existências, inúmeras formas de eus que acumulavam mais e mais cargas, transpareciam em seus olhos. opacos e brilhantes, dependendo das circunstâncias.
era aquele que percebia intensamente qualquer movimento, existência, na esperança de achar algo que estivesse além de sua lógica. já desprezava os quadros, as músicas, os versos mal acabados que tentava fazer para descarregar alguns gramas. nada era inesperado ou 'sobrenatural' o bastante. os livros então, eram abjetos. não precisava de nada, estava completo. o completo mais vazio que havia, tão convencido de sua completude que não conseguia nada de melhor. o universo era seu; o universo era ele.
letras, palavras, idéias, sistematicamente criadas para atenderem a seu mundo, seus eus, suas máculas, farpas doces que cultivava, plantas carnívoras que desejava regar para sempre tratá-lo bem e não se mostrarem vivas com a dor da ausência. a ausência, que é tão mais presente que a presença que sempre é temida. um sistema, enfim, autofágico, como idealmente espera-se que o seja. mais prático, isento de novas possibilidades. o limite meticulosamente criado é o limite.
tudo funcionando bem enquanto tiver para onde fugir.
só não parava de procurar, embora estivesse aparentemente completo.