michelle. 23 anos. filósofa na academia. vagabunda no mundo.


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14.12.07 - 2:23 p. m.


de um lado, a doença. do outro, o incômodo. (é?)


sempre tive certa repulsa a pessoas que são reflexos de imagens estereotipadas que criaram delas mesmas e fazem questão de as serem. aquela coisa de se identificar fortemente com algo e esse algo te engolir tanto que não se vê mais uma essência ali, apenas o tal algo, geralmente ao lado de vários representantes personificados do mesmo - o 'grupinho'. todos muito convictos de que aquilo é o que são, e devem ser porque é, aquela, a única forma de serem.


descobrir que não se é e não se sabe o quê se é, entregar-se ao mar das incertezas e catástrofes possíveis, encarar o silêncio de nós mesmos sem gírias, linguagem em comum tida como perfeita e auto-suficiente e enxergar o reflexo - que já virou o que se é -, isso sim é complicado. e, ainda, chegar ao ponto de entender umas vontades bizarras, gostos talvez impróprios em relação àquilo que se construiu para o reconhecimento - compensador da falta do próprio auto-reconhecimento -, gerando um comodismo bacana que agora não mais talvez se possa ter com sossego, isso sim é desafiador.


começa-se desde roupas, músicas, gestos, ações, saídas habituais, a pessoas, vontades, sentimentos, emoções, crenças. é aquela coisa de ao menos tentar se abrir, se posicionar, se entender, tentar se desapegar de coisas que se tem como suas, e grupos, e identificações excessivas, desastrosas, causadoras de estragos só vistos logo mais, e talvez por outros, porque se estará megulhado no reino-das-imagens o bastante para não o fazer.


e aí depois você pode chegar a uma identificação, sim, mas ao menos consciente, sabendo de suas intenções com tal escolha. é todo um discurso já dito por muitos - reinventando rodas por aqui, soando clichê por ali -, mas valorizo, de qualquer forma, o falar novamente, pois o já-erismo ou o não-falar-o-que-já-se-falou utilitarista não faz parte, ao meu ver, da construção de 'algo consistente'. temos que dar voltas, falar, refletir, consertar, falar de outras formas, buscar sinônimos, suas origens e todas essas explorações do campo, seja no centro como, e principalmente, na periferia e em seus limites possíveis.



enfim, sem delongas, e tentando afastar a repulsão mencionada, pois não se faz necessária no atual estágio.






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