michelle. 23 anos. filósofa na academia. vagabunda no mundo.
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4.11.07 - 2:15 p. m.
Ando em busca dos efêmeros. Encontro-os por todos os lados: passantes, calmos ou afoitos, vendo-se ou vendo-me. Os efêmeros são os vivos, os que podemos ver, e os fantasmas que vemos mesmo que não existam, e os que existem e não podemos ver.
Qual a cegueira que nos toca que nos impede a mira? O que eu veria se destapasse os olhos? Veria os efêmeros, os que se escondem atrás de suas próprias nucas, e a sua frente, perdidos de si mesmos, em busca de si mesmos por meio de outros. E os outros? Outros, os desistentes e os insistentes, os efêmeros com seus sapatos, saias, bolsas, máquinas de fotografar sombras, lêem livros, fazem teatro, assistem, esperam, comem, andam, olham, chegam, vêm e vão.
Os efêmeros estão por todos os lados, simples, complexos, apressados; com seus trejeitos, sorrisos, fome, seus objetos de espera, de sedução, repetem a vida, repetem a morte em vida, repetem a vida em vida, repetem a armadura que sustenta toda a vertigem. Os efêmeros formam atalhos, desvios, andam, andam, seguem leningue sempre prontos ao abismo lento ao qual demos o nome de Esperança.
Os efêmeros são feitos de sinais, filigranas, fascínio, atenção, esperas, pés no chão, amor, prazer, conversa. Os efêmeros são antípodas. Os efêmeros são a nossa imitação. Os efêmeros, os efêmeros. Os efêmeros nos perguntam e não respondem. Os efêmeros só esperam que os ajudemos a atravessar a grande vertigem sempre à espera do grande contentamento invisível. Desnudemos os olhos, queremos nossos olhos nus para que os efêmeros passem em seu cortejo triunfal em paz. Os efêmeros. Os efêmeros. Os efêmeros.
Os efêmeros somos nós.