michelle. 23 anos. filósofa na academia. vagabunda no mundo.


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30.10.07 - 10:11 p. m.


you go back to her and i go back to...



o problema é que ela achava que era um organismo à parte do mundo.
ninguém era como ela, ninguém sentia como ela. ser humano algum entendia o que era viver com aquele fardo da existência verdadeira, e ela constatava tal pensamento a cada palavra que trocava, a cada festa que ia na tentativa de fazer parte deles, a cada beijo e sexo que consumia, e que acreditava ser o ápice do sentir a existência do outro. o resto era a superficialidade, a boa interpretação no espetáculo em que se vivia, a falta de crítica e noção de qualquer coisa maior do que já estava diante de seus olhos. o espetáculo como o máximo, o belo, o real, a maior expressão da capacidade.

ficava calada, já não falava mais. aceitava, andava, ia com o vento, com o mar, a corrente, a massa.
o amor havia há algum tempo se tornado algo possível apenas em outro universo - que para ela existia -, em que os seres eram mais presentes, entregues à existência e aos mil enigmas de si mesmos e dos outros. aqueles que pensam o que é, como deveria ser, o que fazer pra mudar, como se conformar por algo estar de fato corformável, como fazer seu ser ser, como trocar e destrocar e sentir-se pleno - e aquilo era belo, agradável, honesto e preenchia todas as lacunas que podiam ser preenchidas, pois era o máximo que se podia dar de si mesmo.

um sonho de quem não necessariamente praticava tudo aquilo, mas acreditava fazê-lo, pois suas teorias eram, e só elas eram, de verdade, absolutamente. e insistia nessa busca incessante de si, do si. daquilo que pulsava e impulsionava a vida de todos, a existência de cada objeto, a harmonia desarmoniosa de cada parte do universo, do outro. e como amava e odiava o outro! os calos do outro, os desamores do outro, a insegurança, desaforos, imprecisões, instabilidades, fugas, paixões, vícios... do outro.

aquele outro que não existia, mas era como um enigma e afirmação da existência de si mesma.






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