michelle. 23 anos. filósofa na academia. vagabunda no mundo.
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6.10.07 - 3:13 a. m.
hoje, lendo uma dessas tiras de conscientização (deveria se chamar "consciente e inconscientização", mas tem algumas boas intenções, é claro) no verso de um caderno, me deparo com o famoso "cuide do que é nosso!". fiquei por uns minutos pensando em toda a idéia implícita aí, da promoção da propriedade privada, da natureza como alheia a nós, e não parte de nós - somos seus donos, estruturas à parte dela? - e até uma certa pincelada patriarcal. como há discursos por trás de tudo o que parece bem dito, exato e com boas intenções! principalmente quando há um bom desenho, colorido, bonitinho, com exclamações e todas essas firulas. a propaganda, a imagem, a publidade, a moda, a imagem, imagem, imagem. que encanto. mas vamos lá, é necessário ver além.
os discursos por trás do conhecimento, da razão, da ciência e de todos esses elementos encarados como puros pela nossa sociedade, baseados em uma metafísica do universalmente existente em todos, do belo e perfeito - e aqui entra aquela crença de que todos temos algo comum dentro de nós, em especial noções de certo e errado. conteste-a! - deve ser levado com, pelo menos a princípio, desconfiança. analisemos ao menos o que há por trás de algo que é estabelecido como óbvio e incontestável e até muitas vezes pré-condições da nossa existência. analisar a base é importante, e cada palavra de um discurso objetivo também, porque aí se encontram subjetivamente as maiores ideologias e induções possíveis. isso entra, muitas vezes, para um plano inconsciente, ou ao menos mecânico, tornando-se parte de nós e de nossos discursos, para nós ingênuos e puros, sem saber que estamos na verdade defendendo correntes, instituições e ideologias. e estas manipuladas pelos discursos "agradáveis" e aparentemente inofensivos para atender pequenos e gigantescos interesses - com finalidades de várias ordens que nos afetam diretamente - de pessoas conscientes e não, nada ingênuas.
fica meio que um apelo aos poucos que lêem meu blog, porque isto no mínimo nos fazem pessoas que *tentam* ser conscientes, autônomas, menos passivas e articuladas, para a partir daí tomar posições.
ou não.
mas enfim, para ficar mais sutil e possivelmente analisável como 'hippie' por muitos, finalizo dizendo que com sorte ainda conseguiremos fazer parte da natureza como sendo ela mesma. estamos diante de um sistema auto-destrutivo devido a essa falta de noção, pois estamos falando sobre nós mesmos aí, e não do 'nosso ambiente', alheio a nós. estamos destruindo uma das bases fundamentais para qualquer sistema de seres da natureza. aliás, não só pela falta de consciência, mas também pelo choque do nosso atual sistema socioecômico com tal base, falho e, novamente e em negrito, auto-destrutivo. e essa já é uma outra história.