michelle. 23 anos. filósofa na academia. vagabunda no mundo.


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11.4.07 - 9:20 p. m.


o cheiro do nosso ralo





nos desenvolvemos como fetos em um local totalmente acolhedor, quente e anti-social, em que estamos belos, pequenos e sem almejar felicidade alguma - sozinhos -, sem ninguém para nos interromper ou enfiar o dedo em nosso olho. e de repente, como um espirro de postas e postas de catarro verde-cinzento, uma cena escatalógica com a qual já nos acostumamos, entramos em contato com um local insano, sangrando e chorando, desolados. e aí aparecem seres que são idênticos e completamente diferente de nós, que nos dão uma linguagem, uma forma de pensar e agir, objetos que culminam - ou não - em mil teorias sobre suas origens, sistemas - e com eles, prisões -, sentimentos, sentimentos, momentos de inconsciência, emoções, paixões, aberrações. e os ovos, claro. os ovos que tanto amamos irracionalmente e precisamos, acima de muitos e muitas.

e aí eu te digo que vivi 9 meses sozinha e que não preciso de ninguém, e aí você me diz que não posso viver sem ninguém e nada, porque sem ninguém e nada não há conhecimento. e aí eu tendo a concordar, porque agora já estou aqui e não consigo enxergar de outra forma, porque já estou nisso, porque já estou nisso, porque estou presa, sem saída, sem saída, sem saída.


e aí a morte bate em minha porta, a todo momento. não sei em que esquina ela vai cruzar e bater de frente comigo, como diria raul seixas. e aí a vida bate em minha porta, a todo momento. não sei em que esquina ela vai cruzar e bater de frente comigo, e bate, e bate. e batem.
e aí as duas se cruzam e eu não percebo, porque estou muito preocupada em fugir de tudo isso, de todo o silêncio que o encontro desses dois entes de origem e destino escatológicos causam. a universalidade, a particularidade, o medo, a fuga, a insegurança, o ser humano, a solidão.


uma jovem estúpida, talvez.mais uma jovem estúpida, talvez. em mais um dia em que vários fetos fétidos se acham especiais, vivendo suas vidas. mas todos somos idênticos - e completamente diferentes. vamos lá, senhora, E COMPLETAMENTE DIFERENTES. deve haver alguma diferença.
a morte e a vida os unem, é a mesma merda - NÃO, SÃO COMPLETAMENTE DIFERENTES.iguais, iguais, mortos, vivos, mortos vivos, vivos-mortos, patéticos, fedorentos, sendo, achando que estão sendo, fugindo, indo, morrendo, fugindo, caindo, vivendo, buscando e não achando até o fim.


espero o fim, ansiosa.
esperamos o fim, no fim. ansiosos.



ps. filme da foto e do título: O Cheiro do Ralo. muito bom, por sinal.






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