michelle. 23 anos. filósofa na academia. vagabunda no mundo.
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diferenssas
18.9.06 - 12:10 a. m.
sinto que não seguro mais nas duas barras cilíndricas de metal que constituíam a prisão que era toda aquela situação. prisão na qual chorei minhas mais sofridas lágrimas, passei fome, tentei fugir de algumas formas - e em algumas obtive sucesso, mas a polícia da minha lucidez e sobriedade traziam-me de volta ao sol quadrado daquele xadrez imposto por mim mesma - e tive, também, forçosos e limitados bons momentos.
consegui ser promovida para uma cela maior - talvez seja menor, mas a sensação de mudança e do novo cria uma esperança elevada e efêmera (possivelmente decairá conforme a rotina diante da nova prisão) de grandeza -, uma outra. aquela ainda se encontra na penitenciária em que estou, mas ao menos não é mais minha cela específica. passarei por ela algumas vezes, continuarei vendo o sol quadrado, mas ah, pelo menos mudei.
sim, trata-se de uma falsa mudança, assim como todas essas que fazemos para mantermos um aparente controle sobre nós mesmos. como um mecanismo de defesa, um anti-depressivo novo aplicado pelo nosso próprio subconsciente, que em breve não servirá mais e sugerirá um outro, fazendo parte assim de um ciclo vicioso.
mas o que importa é que sinto uma liberdade. enganadora, pois apenas me livrei de uma prisão para entrar em outra - ou essa outra estaria dentro da que talvez, erroneamente, acredito estar fora? -,
mas ainda liberdade - mesmo meu lado racional sabendo que não o é - e ainda uma boa sensação.