michelle. 23 anos. filósofa na academia. vagabunda no mundo.
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30.3.06 - 1:39 a. m.
colocarei o trecho de um livro maravilhoso que estou lendo ("a insustentável leveza do ser"), que traz questões pertinentes e maravilhosas da vida e, especificamente, do tal do "amor".
na minha humilde opinião, acho que a tese serve para todos os sexos, mas o autor se refere ao masculino, até porque está descrevendo o comportamento de um dos personagens através desta tese:
"Os caçadores de mulheres podem facilmente ser divididos em duas categorias. Uns procuram em todas elas sua própria idéia de mulher, como lhes aparece em sonho, subjetiva e sempre a mesma. Outros são levados pelo desejo de tomar posse da infinita diversidade do mundo feminino objetivo.
A obsessão dos primeiros é uma obsessão lírica: procuram a si próprios nas mulheres, procuram o seu ideal e são sempre e continuamente frustrados, porque, como sabemos, é impossível encontrar o que é ideal. Como a frustração que os leva de mulher em mulher dá à inconstância deles uma espécie de desculpa melodramática, muitas mulheres sentimentais acham comovente essa poligamia convicta.
A outra obsessão é uma obsessão épica, e as mulheres não vêem nisso nada de comovente: como o homem não projeta nelas um ideal subjetivo, tudo lhe interessa e nada pode decepcioná-lo. Essa incapacidade para a decepção tem qualquer coisa de escandaloso. Aos olhos do mundo, a obsessão do épico não pode ser perdoada (porque não é resgatada pela decepção).
Como o sedutor lírico persegue o mesmo tipo de mulher, nem notamos que mudou de amantes; seus amigos estão sempre provocando mal-entendidos, pois não percebem a troca de companheiras e chamam todas pelo mesmo nome.
Na sua caça a novos conhecimentos, os sedutores épicos se distanciam cada vez mais da beleza feminina convencional (da qual enjoam bem depressa) e acabam tornando-se colecionadores de curiosidades. Eles sabem disso, sentem um pouco de vergonha e, para não constranger os amigos, evitam aparecer em público com as amantes."
ao ler pela primeira vez este trecho, tive a certeza de que fazia parte do grupo dos épicos. ao refletir um pouco mais, a dúvida surgiu, me deixando inquieta.
sim, tenho um homem ideal montado, mas será que ele é o meu objetivo no final das contas? porque por outro lado, acho que fico com as pessoas até elas deixarem de ser misteriosas pra mim. acabou o mistério? a pessoa se tornou um simples mortal? tendo a cair fora, infelizmente - ou felizmente (ou indiferentemente?), já que faz parte de uma natureza.
concluindo, acho que todos têm seu ideal, mas um dos dois comportamentos obsessivos (épico ou lírico) se manifestam, ignorando ou não o tal do ideal. para mim, o ideal, apesar de ser ideal, enjoa. é o esperado, afinal é o seu ideal, construído desde a sua formação. sem surpresas, sem mistérios.
é, acho que faço parte dos indivíduos - sim, mais uma vez devo ressaltar que acredito que esta tese sirva para todos os indivíduos - épicos. tenho um ideal, mas minha obsessão é a épica.
e devo dizer que acho que é melhor assim.