descontroles;

24.2.06 - 4:39 p. m.

amor e vinho

e depois de quatro semanas desaparecido ele volta, abrindo a porta da minha casa como se nada tivesse acontecido. joga as chaves na mesa com o mesmo desânimo de sempre, tira o cinto - que agora apertava um pouco mais - com a mesma rapidez e suspiro de conforto, vai até a geladeira e enche uma taça de vinho até a metade como o usual.
eu estava sentada no sofá da sala, 7 quilos mais magra, desacreditada. minha casa nunca esteve tão bagunçada, os objetos não faziam mais sentido, o externo não me envolvia, não fazia mais parte do meu mundo.

fiquei indignada e feliz ao mesmo tempo.
como assim ele chega depois de semanas como se nada tivesse acontecido? por que demorou tanto? o que fez durante esse tempo?
enquanto isso ele havia deitado, na minha cama, que antes era nossa. arrastou alguns papéis e remédios acumulados na minha cabeceira, com o objetivo de criar um espaço para a tal taça de vinho descansar. o meu vinho. a minha taça. a minha casa. dormiu rapidamente, como se nada o afligisse, como se não tivesse nenhum assunto pendente comigo, como se estivesse na sua própria casa depois de um dia cansativo.

revoltada, refleti por uns quatro minutos e concluí que, se eu não estava em paz, ele também não deveria estar. fui até a cabeceira, peguei o vinho.

(...)

era tarde.