michelle. 23 anos. filósofa na academia. vagabunda no mundo.


blogueiras feministas al-azurd confuzione     interiores oculares     sushi   
ato falho  post secret  last.fm  diferenssas  


17.11.05 - 11:19 p. m.


sobrevida?


... e o que restavam eram as memórias, duas fotos e o único bilhetinho que ele lhe deu, alguns dias após se conhecerem.

ela sentia falta de tudo. do cheiro de sua pele, das idas ao café pela madrugada, das brigas pela manhã devido ao seu mau-humor matinal, da intensidade dos abraços, do silêncio das palavras insignificantes - já que os sentidos eram tão grandes que se perdiam, da música e brilho de seus olhos quando se olhavam intensamente por mais de minutos, da calça favorita dele, meio suja e rasgada na barra, de seu cabelo bagunçado e até do jeito que só ele sabia lhe irritar. podia sentir parte da sensação inexplicável de beijá-lo e amá-lo ao fechar os olhos, de senti-lo, tanto bem próximo como distante. queria odía-lo e amá-lo daquela forma novamente, puxá-lo e beijá-lo no meio da rua depois das brigas e sentir toda aquela paixão.

agora percebia como era feliz e não se dava conta. tinha tudo, mas não sabia o que ser e o que fazer. tinha o amor e as ferramentas, mas não sabia como usá-los. era uma pobre menina patética achando que sabia o que fazia e agora sim, com tudo perdido, sabia exatamente o que havia feito e o que deveria, na verdade. estragara tudo. estragara uma vida, uma eternidade, talvez.

ele não estava mais a sua frente e jamais estaria novamente, não da forma que queria. ele havia mudado, não era mais aquele. o amor jamais seria o mesmo e ela sabia exatamente o que aconteceria. teria de sobreviver. sobreviver ao amor, ao seu orgulho, à pessoas incomparáveis a ele, aos encontros ocasionais com ele e à sua vida, que agora era sobrevida.



é.






Site Meter